segunda-feira, 31 de março de 2008

Nada se cria, nada se perde, tudo se tranforma


Ou pelo menos assim deveria ser. Hoje, 35% de todo o lixo que é gerado na Terra é proveniente de embalagens descartadas. Não temos mais espaço no planeta para o 'lixo burro' e a reciclagem é fundamental para o nosso futuro. Desenhar uma embalagem nesse contexto é uma enorme responsabilidade.
Além dos critérios clássicos que definem um bom projeto de embalagens - como capacidade de proteçao, impacto visual, originalidade de formas e abordagens gráficas - o impacto ambiental gerado é hoje pedágio para garantir o mérito de um projeto. Estão com os dias contados as embalagens excessivamente extravagantes, que abusam da mistura de materiais, muitas vezes mesclados de forma definitiva, inviabilizando a reciclagem.
Ano passado fui jurado na categoria Packaging Design do D&AD Global Awards - uns dos prêmios mais tradicionais e conceituados do mercado internacional de design e comunicaçao. Para minha surpresa, no meio da pré-seleção dos projetos que passariam para a fase seguinte, percebi que estavam sendo selecionadas muitas dessas soluções equivocadas, como a inútil e cara embalagem de acrílico do iPod.
Eu, representante do Terceiro Mundo, me senti obrigado a levantar o dedo e questionar tais critérios. Felizmente, todos acabaram concordando que o impacto ambiental realmente deveria ser considerado. Mas a reação dos jurados foi surpreendente - me olharam como se nunca tivessem pensado na questão. Em todo caso, a embalagem do iPod dançou e não levou nada.
Agora, lendo os critérios de avaliação de Cannes, onde Design estréia como categoria este ano, voltei a me surpreender. Citam "grau de inovação", originalidade, mas nada de ACV (Avaliação do Ciclo de Vida) nem de impacto ambiental.
Lá vou eu de novo lembrar para a turma a Lei de Lavoisier...
Texto: Fred Gelli / Tátil Design http://www.tatil.com.br/

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