A comparação é inevitável e a tentação de fazê-la é irresistível. Então, vamos ceder a ela. Eles jogam um bolão. São nossos craques no exterior. Reconhecidos por seu talento em driblar a adversidade de quem joga o tempo todo fora do próprio campo, são profissionais da firula e da criatividade. Eles são o escrete da propaganda verde-amarela. Uma seleção que só joga no ataque, por que lá fora é preciso ser melhor em dobro para ocupar os espaços do mercado e ir atrás de resultados positivos para as agências e anunciantes que compraram seus passes.
Os criativos da propaganda brasileira que atuam no exterior são um exemplo de garra e perseverança que entusiasmaria qualquer Dunga. Se assim não fosse, já estariam repatriados.
Como destaca Darlan Moraes Junior, diretor de criação da Domino/BBDO na Letônia (ver o box com as dicas do Darlan para enfrentar a barra no exterior na pág. 136), “o estrangeiro aqui é alguém que está tirando o emprego de uma outra pessoa, nascida no país. Eles estão de olho em você. Dobrado. Trabalhe duro, mostre serviço. Você precisa valer a pena”.
Ou, como coloca Andreas Toscano, também com experiência no leste europeu (ex-redator da Euro RSCG de Kiev, na Ucrânia, hoje trabalhando na Lowe Adventa, em Moscou), “o primeiro grande desafio a ser vencido é deixar de ser visto como um intruso pelo seu próprio time na agência”.
Há profissionais brasileiros que, como alguns no futebol, nunca pisaram em gramados na terra-mãe. Como conta Rodrigo Butori, hoje diretor de criação associado da TBWA\Chiat\Day de Los Angeles, “conheço mais e mais brasileiros talentosíssimos aqui fora que nunca pisaram em uma agência brasileira. Profissionais que saíram de grandes escolas (VCU, SVA, Portfolio Center, Art Center, etc.) e foram direto para Mother, Wieden, Ground Zero, etc. Aqui e ali escuto o nome de alguém que está arrebentando aqui fora e ninguém nunca ouviu falar do fulano no Brasil”.